Por um longo tempo, a humanidade viveu sem os números representados graficamente como temos hoje e sem os sistemas numéricos com os quais estamos acostumados, mas não sem processar dados e realizar cálculos. A saída adotada na maioria das civilizações mais avançadas sempre assemelhou-se ao que toda criança usa para resolver seus problemas com a matemática: O famoso "cálculo no pianinho". Seja contando as juntas dos dedos, ou os próprios dedos inteiros, fomos estabelecendo padrões que se eternizariam na matemática. Além das curiosas origens destes padrões, está a criatividade humana em busca de recursos que possibilitassem superar as limitações de nossas mentes tanto no processamento de dados quanto no compartilhamento e acesso a informações.
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Algorismos contra pedrinhas deslizando em trilhas. Competições entre
operadores de ábaco e algoristas eram coisas comuns na antiguidade.
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O Ábaco tem DNA das pedras usadas por pastores de ovelha na Mesopotâmia, cinco mil anos atrás. Na combinação de traços na argila, com pedras dispostas, simbolizando quantidades, começou a surgir um dispositivo que definiria trilhas para que cada pedra, representando uma unidade de valor, deslizasse para uma posição ou outra, dependendo do valor registrado. A sofisticação disto ao longo das eras faria do Ábaco um dos mais importantes equipamentos usados para cálculos no mundo antigo. Por ser baseado em um mecanismo simples, além de prático, este proto computador pode ser dominado por qualquer criança em seus estágios iniciais de conhecimento.
O avanço da mecânica possibilitaria, entre os séculos XVI e XVII, um vasto número de engenhocas para diversos fins. Algumas destas máquinas tinham por objetivo auxiliar no processamento de dados. Do simples relógio, marcando o tempo em horas -- o conceito de minutos ainda estava muito distante daquela época -- que ainda se dividia em doze, inspirado no sistema surgido a partir das divisões dos dedos, à bussola auxiliando nas grandes navegações que trariam à Europa descobertas de novos mundos. Boa parte das máquinas deste tempo eram simples, movidas a engrenagens e roldanas. Mesmo assim, neste período o mundo foi apresentado a uma calculadora que, timidamente, desafiaria o Ábaco, mas ainda não o desbancaria: A máquina de Pascal.
O que motivaria Blaise Pascal a desenvolver uma calculadora mecânica eram as mesmas necessidades básicas que nos trazem até aqui para aprendermos um pouco mais sobre os computadores. Estamos interessados nisto pois sabemos que precisamos destas ferramentas para agilizar o acesso a informações sem nenhum, ou com o mínimo de erros possíveis. A máquina potencializa nosso poder de processar, acessar e manipular dados. A calculadora criada por Pascal foi dada ao seu pai, um professor de matemática (tinha que ser) que tirava um extra como contador, cuidando das contas de pessoas importantes em sua sociedade. Obviamente o pai de Pascal não podia errar nos cálculos de impostos, por exemplo. Talvez Blaise Pascal só quisesse seu pai com um tempinho mais livre e menos estressado, para bater um papo sobre as grandes transformações europeias daquela época, um século após a descoberta de novos continentes. Assim, quem sabe, tenha usado toda sua habilidade matemática, coisa que seu pai incentivava desde a infância, para desenvolver uma máquina que automatizasse cálculos e reduzisse a possibilidade de erros a praticamente zero. Fato é que Pascal foi um gênio. Além de sua máquina de calcular ele tem enormes contribuições para diversos campos da matemática e física.
O mundo estava mudando cada vez mais rápido. Poucos notavam, mas esta velocidade nas mudanças e revoluções tinham parte de seu impulso gerado por novas máquinas que tornariam o processamento dos dados ainda mais velozes e precisos. E a aceleração das inovações empurrariam o desenvolvimento de máquinas de computar para patamares ainda mais altos.
Até a próxima!
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